NUTRIÇÃO E CANCRO
Em pleno
século XXI ainda não existe uma cura efectiva contra o
cancro.
A
quimioterapia e a radioterapia ainda constituem os tratamentos tradicionais
para os doentes oncológicos com todos os efeitos secundários que acarretam, por
vezes sem bons resultados finais. A principal desvantagem da quimioterapia é
representada pelo desenvolvimento de clones de células resistentes aos
medicamentos e a disfunção das vías de apoptose pode ser responsável por alguns
desses fenómenos . Esses tratamentos estão contraindicados na gravidez devido
ao risco de teratogenia fetal, além da potencialidade de mutagénese às futuras
gerações, o que reforça a opção de uma terapia complementar e imunomoduladora
sem efeitos colaterais. Estudos epidemiológicos comprovaram que fatores
dietéticos podem reduzir a incidência de alguns cancros, possivelmente por
mecanismo quimiopreventivo. De acordo com vários trabalhos científicos, a
Nutrição deverá constituir um ponto relevante na prevenção e tratamento do
cancro, nomeadamente com as propriedades inerentes a alguns alimentos ou
a vários fitoterápicos e outros suplementos alimentares. Perante esta
realidade, em Portugal, o Sistema Nacional de Saúde nem sempre encaminha
doentes oncológicos para consultas de Nutrição como meio complementar e
coadjuvante no tratamento do cancro. Quando esses doentes são encaminhados para
as consultas de Nutrição, estas são vistas como meio de apaziguar vómitos e/ou
suprimir a falta de apetite. Para além dos fatores genéticos que intervêm
nas doenças oncológicas, há que considerar seriamente os fatores alimentares:
alimentos funcionais que inibem a promoção de cancros e
fitoterápicos/suplementos alimentares relacionados, de algum modo, com o
funcionamento do sistema imunitário e/ou com todo o mecanismo que envolve o
desenvolvimento de um cancro. Por conseguinte, para a compreensão do papel da
Nutrição no tratamento do cancro faz-se necessário compreender a formação de um
cancro e as suas fases de desenvolvimento, assim como vários fatores que
promovem a sua expansão.
Cancro,
o “calcanhar de Aquiles” da Ciência actual, ainda por resolver, mas também um
mal da nossa sociedade que se intensificou a partir da Revolução Industrial.
Essa mesma Revolução Industrial que facultou o processamento dos
alimentos, os seus aditivos e a apelidada “comida de plástico” e que tantas
transformações sociais, políticas, económicas e, infelizmente, também na área
da saúde, trouxe às nossas sociedades. Torna-se, portanto, necessário,
hoje, mais do que nunca, uma Educação Nutricional, uma redescoberta dos
alimentos naturais, dos fitoterápicos ancestrais e uma pesquisa científica de
todos eles na prevenção do cancro e suas recidivas.
Maria Ferreira
(Nutricionista
e Fitoterapeuta)
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